Agassiz Almeida: Pelo terror juiz arranca delação
premiada
Mensagem ao ministro Ricardo Lewandowski, presidente do
STF
Enquanto a nação se debate
em grave crise político-econômica com efeitos devastadores nas classes produtoras
e trabalhadoras, as elites dirigentes se engalfinham pelo poder.
Ubiadvenimus!
Onde chegamos!Exclamava o apóstolo Paulo na estrada de Damasco. Para coroar
este desencontrão, as elites do país criaramesta Medusa denominada
LavaJato, cujos olhares só veem de um lado, coordenada por umintocável
julgadorque desrespeita direitos, prazos processuais, tipificação de delitos, e,
afinal, arranca de presos aterrorizados “delações premiadas”.
No século XV, o inquisidor-mor do Santo Ofício
Torquemada condenava milhares dehereges à fogueira cujos lancinantes gritos se
perdiam em meio ao crepitar das chamas; cinco séculos depois, o Torquemada
tupiniquim da LavaJato lança os acusados na fogueira dos holofotes de poderosasredes
televisivas, condenando-os ao ódio da sociedade e fazendo desabar sobre eles o
enxovalhamento público.
Olhemos a Europa e os EUA como prendem e
julgam acusados de crimes. Na Lava Jato, prende-os, lança-os ao Tribunal da Mídia
para a condenação e execração pública e depois os julga sem apelação.
Basta! Esfarrapa-se o devidoprocesso legal
e se renega o Direito e a vida dos direitos.
Visualizemos este tão maltratado Brasil,
sangrado por uma privilegiada minoria, cuja mentecriou a cultura do
cinismo.
E por esta doutrina, haja mentiras e
engodos para embairo povo brasileiro! Eis uma delas: “Que carga tributária pagamos!” Quem carrega todo o peso da carga
de impostos? O consumidor final e os assalariados.
Ponha-se um basta na insensatez. Cessem as porfias
de campanário e falem honestamente ao povo brasileiro.
Digam que a quase totalidade dos nossos
aeroportos e portos está sucateada. Que fazer? Privatize-os.
Digam que 50 mil km de rodovias estão em
estado precário. Quem deve suportar o ônus com a construção de novas rodovias e
reparos? As empresas de carga e transporte coletivo. Cento e cinquenta bilhões
de reais são arrancados do Tesouro Nacional para manter a malha rodoviária.
Digam que os bilhões de reais gastos pelos brasileiros
com compras de bugigangas e produtos supérfluos nos EUA precisam ser taxados por
altas alíquotas.
Paremos um pouco. Dirijo-me ao ministro
Ricardo Lewandowski. Na história da humanidade o poder decisório enfeixado nas
mãos de um único homem o faz um déspota ou messias.Sugiro a V. Excia., a fim de
deter o espetáculo do estrelismo que faz de Themis, a deusa da justiça, megera
de todas as paixões, para que seja constituída equipe de juízes com o objetivo
de coordenar a operação LavaJato.
Que fique esta interrogação nas palavras
finais.
Que excrescente processo de impeachmenté este?Tem a presidi-lo um
Sumo Sacerdote da corrupção e do cinismo.
Face a este tétrico cenário, os nossos
antepassados no silêncio infinito de suas tumbas soluçam.
Nota:
Agassiz Almeida, escritor, ativista dos direitos humanos, Promotor de Justiça
aposentado, professor da UFPB. Autor de obras clássicas da literatura
brasileira. Participou das frentes de luta contra as ditaduras no Brasil, no
Chile de Pinochet e em Portugal de Oliveira Salazar. (Dados colhidos no Google
e na Wikipédia).
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