Família recorre à Defensoria Pública e denuncia abuso de autoridade por
policiais
Adultos, crianças e idosos foram submetidos à tortura e única mulher foi
colocada na cela com homens
Uma família, que prefere não se identificar por medo de represália,
procurou a Defensoria Pública do Estado de Sergipe na manhã de hoje, 23, para
denunciar abuso de autoridade praticado por policias militares da Operação da
Caatinga e da Polícia Civil na madrugada do último sábado, 18, no município de
Nossa Senhora da Glória.
Segundo uma das vítimas dos policiais, sua residência foi invadida sob a
alegação de que teria drogas e armas no local. No momento do fato, pai, mãe,
dois filhos, genro e duas crianças de dois e três anos foram submetidos à
torturas por duas horas, onde tiveram que ficar ajoelhados fora da casa.
“Eles chegaram quebrando tudo, agredindo meus filhos, genros e ainda
ameaçaram chamar o Conselho Tutelar para tomar meus netos. Eles disseram que
tinha em mãos um mandado de busca e apreensão, mas não mostraram. No momento do
fato minha mulher, que tem um coágulo na cabeça, ficou desesperada com a
atitude dos policias. Em seguida, fomos encaminhados à Delegacia e ficamos
detidos, sendo liberados apenas por volta das 13h”, relatou E.C.
De acordo a filha A.N., os policiais quebraram a porta e tudo que
encontrou no interior da casa. “Bateram em mim, no meu esposo e no meu irmão e
ainda ameaçaram tomar meus filhos através do Conselho Tutelar. Vasculharam tudo
em busca de drogas, mas não encontraram nada, apenas um cigarro de maconha, mas
mesmo assim levaram todos presos. Ficamos sob tortura psicológica e física das
4h às 6h apanhando e ajoelhados. Na Delegacia, me colocaram em uma cela,
onde só tinham homens e propuseram um acordo com meu esposo para ele trocar a
liberdade em troca da informação do paradeiro dos indivíduos no prazo de 15
dias, e ainda ameaçaram meu esposo de que senão informasse eles iriam voltar e
prender todos”, denunciou.
Segundo a mulher, a família deixou a sua residência e alugaram um imóvel
com medo dos policiais cumprirem o que prometeram. “As ameaças
continuaram. Eles disseram que iriam tocar fogo na casa com toda minha família
dentro e, para não morrer, tivemos que deixar tudo em Glória, uma vez que eles
foram lá por duas vezes na intenção de matar a gente. Eles continuam nos
ameaçando com ligações pedindo para entregarmos os dois homens que eles
procuram, mas não sei nem quem são eles”, se emociona.
A família foi atendida pelo subdefensor público geral, Raimundo Veiga,
que de prontidão acionou o Núcleo de Flagrante Delito da Defensoria Pública
para que as providências fossem adotadas. “A situação da família é delicada,
uma vez que deixaram o lar sob ameaça de morte. Encaminhamos a família para ser
orientada pelos defensores públicos criminais. As vítimas também ficaram de
procurar o juiz e promotor da Comarca de Nossa senhora da Glória. Eles
prestaram no início da semana um Boletim de Ocorrência na Corregedoria Geral da
Polícia Civil e tiveram na Promotoria de Justiça do Cidadão Especializada no
Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público para que as
providências fossem tomadas face a gravidade do fato”, disse Veiga.
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