A “LÍNGUA” BRASILEIRA
Por
Humberto Pinho da Silva
Circula, pela Internet,
oportuno abaixo-assinado, com origem no Brasil, que aborda o uso excessivo de
estrangeirismos e neologismos, na nossa língua.
Pretendem os subscritores, que
se deixe de importar vocábulos de outros idiomas, já que a “brasileira” é rica;
não carecendo de rebuscar palavras noutros países.
Estou cem por cento de acordo,
mas… é pena, que ao redigirem o manifesto tenham escrito: “Língua
brasileira”.(!)
É que, se assim pensarmos,
muito em breve teremos: língua angolana, cabo-verdiana, moçambicana… ou língua
argentina, chilena e australiana…e por ai fora…
Já dizia Vasco Botelho de
Amaral in: “ Mistérios e Maravilhas da Língua Portuguesa” – 1941, Porto, pág.
632: que leu no jornal “ A Manhã” do Rio de Janeiro, a notícia (que considerou
sensacional) de que se fundara o “ Instituto de Língua Brasileira”; e
admirava-se, que entre os apoiantes, aparecessem membros da “Academia
Brasileira de Letras “, seus conhecidos.
A língua que os portugueses levaram
para o Brasil, sofreu, como sabemos, influência do quimbundo, importado com os
escravos, que o falavam, e do Tupi. O primeiro tem numerosos vocábulos em nh
(ao principio), como, por ex. nhanha (bocejo); nhoque (abelha), etc.
Também o Tupi, tem o grupo nh
no princípio do vocábulo, como nhau (barro); nhê (acaso), etc - segundo o
conhecido filólogo Cândido de Figueiredo.
Junte-se às duas línguas,
citadas, a de milhares de europeus, emigrantes, e forçosamente, o português,
tinha que ser adulterado, tanto foram os tratos de polé, que sofreu.
Dizem, que se fala mal, o
português, no Brasil; e é verdade; mas apenas pelos ignorantes, pelas classes
mais baixas da sociedade - e não todos!…
“ Se os brasileiros
pensassem bem, teriam mais carinho pela língua portuguesa e tratariam de falar
melhor (…) “, disse, com acerto, o Prof. Doutor Rafael Correia, lente da
Universidade de São Paulo; mas pensar bem, não convêm a certos políticos… nem
pseudo intelectuais…
Penso que foi lapso, ao
escreverem “ língua brasileira”, no abaixo-assinado, pois, quem se
preocupa com a pureza desta, ao ponto de querer expurgá-la de estrangeirismos e
neologismos - maleita que ataca os dois países irmãos, - devido “ à nossa
facilidade de imitação e aceitação de modas estrangeiras”, segundo afirma
M. Rodrigues Lapa, na sua “ Estilística da Língua Portuguesa”, certamente, não
diria tal dislate, se não fosse por lapso.
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