Política
ou politicalha?
Por Josivam Alves
A pouco mais de uma semana
do dia das eleições majoritárias e proporcionais de 2014, estamos presenciando,
aqui no sertão, verdadeiro festival de aberrações no campo político-partidário.
Os políticos não confiam mais uns nos outros, assim como o povo não confia nos
políticos e estes não confiam no povo.
A palavra da classe política
virou um risco n’água. O compromisso assumido anteontem, não valeu ontem. E o
assumido ontem, pra hoje já não vale mais. Ninguém cumpre o que diz. Todo mundo
desconfia de todo mundo. É uma trairagem total. E o pior é que o povo não sabe
ainda quem está com quem. E para confundir mais ainda: os inimigos de ontem são
os amigos de hoje, e os inimigos de hoje foram os amigos de ontem. E quem sabe
se ainda não muda tudo nesses dez dias.
Em Catolé do Rocha, por
exemplo, a população está confusa. Está todo mundo misturado e dividido, ao
mesmo tempo. Além disso, há uma infinidade de candidatos a deputado estadual e
a deputado federal. Cada liderança, pensando em pegar dinheiro, está apoiando
um candidato diferente.
Hoje pela manhã, na pracinha
de A Favorita, o comentário era rasgado de que fulano, beltrano e sicrano
pegaram milhões, não sei quem está de bolso estufado de oncinhas e peixinhos.
Enfim, é de fazer vergonha. Só se fala em dinheiro. Os políticos estão sendo
leiloados, e o povo é como se fosse mercadoria na feira livre.
Pelo amor de Deus, isso é
política? O termo “política” não cabe
aqui. O significado de política é outro completamente diferente. Como dizia Rui
Barbosa, a política afina o espírito humano, educa as pessoas no conhecimento
de si mesmas, desenvolve nos indivíduos a atividade, a coragem, a nobreza, a
previsão, a energia, cria, apura, eleva o merecimento.
Não é esse jogo da intriga,
da inveja e da incapacidade, a que se deu também entre nós o nome de politicagem.
Não há dúvida de que rima bem com criadagem e parolagem, afilhadagem e
ladroagem. E que outro batismo poderia ser adequado? Politiquice? Politiquismo?
Politicaria? Politicalha? Neste último, sim, o sufixo pejorativo queima como
fogo de caieira e se torna bem esclarecedor ao leitor.
Política e politicalha não
se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra. Pelo
contrário, negam-se, excluem-se, repulsam-se mutuamente. Uma não tem nada a ver
com a outra.
A política é a arte de gerir
o Município, o Estado, a União, segundo princípios definidos, regras morais,
leis escritas ou tradições respeitáveis. A politicalha é a indústria de
explorar o benefício de interesses pessoais. A política se constitui da força
moral e ética, da consciência do dever e da responsabilidade com o patrimônio
público. A politicalha, pelo contrário, é o envenenamento crônico de pessoas
viciadas pela contaminação de parasitas incontroláveis. A política é a higiene
dos que são moralmente sadios. A politicalha, a doença incurável daqueles que
têm a moralidade estragada.
Catolé do Rocha, 25 de
setembro de 2014.
Colunista : Josivam Alves
Nenhum comentário:
Postar um comentário