A CONQUISTA DO HOJE – Paulo Mesquita
Amar é um atributo e uma prática daqueles que cultivam
sonhos, fantasias, afagos e gestos que duram por toda a vida. Atualmente as
demonstrações de amor e admiração de um homem para com uma mulher, quase que se
resume as peças de teatro, filmes e novelas. Em fim, só se vê a manifestação do
amor o mais lindo dos sentimentos, em poucas pessoas ou em representações
artísticas. O romantismo, as palavras carinhosas, o afeto, a meiguice de um
olhar apaixonado e os gestos de dedicação através de ações protetoras e
defensoras, estão sendo consumidas pela “evolução” dos tempos. Alguns meios de
comunicação através de sua programação tem contribuído e muito para vulgaridade
do relacionamento amoroso entre homem e mulher. O som apelativo, sem poesia,
sem criatividade sem pudor, aponta para a banalização moral da música. São
letras que rebaixam as mulheres, desvalorizam, desprestigiam, desrespeitam e as
deixam parecendo tão somente um recipiente de descarregar sêmen. A maioria dos homens
já não tem muito interesse e nem se preocupam em conquistar uma mulher. Ele diz
que “pega” quantas quiser. Esse normalmente é o assunto em roda de amigos após
uma festa ou balada.
E ai cara,
quantas pegou? E quantas beijou? Muitas garotas também, já acham que não é mais
necessário o homem ter habilidade, decência, boa conversa, cordialidade,
atenção e amor, para conquistar uma mulher. Amor! Ah! Que bobagem, não precisa
ter argumento lógico para”ganhar” uma mulher. É só partir para a prática, ficar,
transar, acasalar, dá uns pegas, ir beijando, abraçando e levando para onde e
para o que interessa. Não precisa nem saber o nome, nem o que faz na vida, é
tudo muito na tora e na tara. A atração física é suficiente. Sem nenhuma
preocupação com a qualidade e sim com a quantidade. É tudo muito animal, agem
mais pelo instinto de macho e fêmea, sem nenhuma valorização ou preocupação com
um sentimento amoroso. Hoje é cafonice conversar demoradamente e carinhosamente
com alguém. Valorizando, admirando e tentando ver por dentro o que se vê por
fora. Ser romântico hoje é ser ultrapassado. Dedicar flores, lembrar do
aniversário, enviar um cartão que não seja virtual, presentear, compartilhar,
defender, amar? É breguisse. Não sou adepto de romantismo mela, mela. Aquele
romantismo de fachada, que faz questão de apresentar aos outros, o que na
prática, não é o que aparenta ser. Tudo tem que ser temperado para ter sabor, o
romance não pode ser tão melado nem tão relaxado. Lembre-se: Quem não se
valoriza não será respeitado e quem não se respeita não será valorizado. A
conquista fácil demais perde o valor e o sabor. Difícil demais perde o encanto
e a oportunidade. Esse não é o mundo que sonhei na minha adolescência. Mesmo
parecendo brega, quero continuar falando de amor, de saudade, de lembranças de
alguém, quero continuar com o direito de sonhar, fazer poesia e ver através dos
sentimentos, um mundo colorido e diferente refletido na janela da alma. Mesmo
pouco compreendido nestes tempos da forte atuação do amor Eros, de tanta
prática e pouca tática, quero continuar me emocionando com histórias de amor,
com um lindo conto, com o lúcido e com as canções que traduzem em poesia, voz e
música, a beleza, a suavidade e a meiguice da mulher.
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