A vida em vários
ângulos
Por Josivam Alves
Cada pessoa tem sua filosofia. Os que são vaidosos acham que
há grandeza na vaidade. Para eles, os que não o são jamais haverão de passar de
vencidos. Já para os egoístas, o egoísmo é a melhor forma de se viver. Já para
os mentirosos, a mentira é uma capacidade.
Os honestos, por sua vez, entendem que cada um deve se portar
honestamente. Por mais caro e sacrifício que lhe possa custar, a pessoa com
esse perfil acredita que ser correto e justo na vida é sua maior riqueza: a
riqueza moral, dos princípios e dos valores que primam pelos bons costumes. Nem
que lhe venha causar prejuízos materiais. Não importa!
Como estamos vendo, cada pessoa admite um tipo de conduta.
Assim, no final das contas, ninguém se acha errado. Cada um defende e segue
piamente aquilo em que acredita.
Todos compreendem que, realmente, fazem o que deviam ter
feito. Os errados, como tal, não se consideram.
É uma verdade que não nos sentimos bem, quando nossos
defeitos são trazidos à baila, são comentados. Como ilustração a tudo isso,
alguns dias atrás, um jornalista de uma emissora de Catolé do Rocha apontou
erros administrativos praticados por determinado prefeito de uma cidade de
nossa microrregião.
Isso foi suficiente para que o gestor municipal dissesse em
voz alta ao jornalista: “Procure pra barriga, não procure pro espinhaço!”. O
jornalista e a imprensa como um todo entenderam como uma ameaça. O fato
circulou em rede estadual, foi levado ao conhecimento da Associação Paraibana
de Imprensa (API) e teve péssima repercussão para o prefeito.
Imediatamente, ao perceber a bobagem que havia dito, o
prefeito divulgou uma nota afirmando que, em relação às suas palavras, “houve
um erro de interpretação”. Sinceramente, a expressão é clara. Ninguém é bobo.
Alguém dizer a você que “procure pra barriga e não pro espinhaço” dá para
interpretar o quê? Desse modo, todo mundo tem a mesma interpretação.
Ninguém gosta de admitir a verdade quando esta lhe dói,
machuca. Geralmente, a reação vem em seguida. O político, principalmente, só
quer olhar e apresentar os defeitos dos outros. É o ser humano de uma forma
geral.
Cada um tem pregado na personalidade o rótulo do egolatrismo.
Os defeitos alheios, vemo-los com toda nitidez, em toda a dimensão. Contudo,
para os nossos, somos cegos congênitos.
A prostituta, não bem vista pela sociedade, acha que está
satisfatoriamente correta. Enfim, nunca vi ninguém falando de suas falhas
pessoais, suas imperfeições.
O homem só vê em si as virtudes, os acertos, os bons
procedimentos. Os heróis só contam proezas e façanhas.
Quase não há ninguém que, espontaneamente, se exponha às
críticas, às censuras. Todos gostam de ouvir comentários de boa referência a
seu favor. Veja o exemplo do prefeito que, mesmo com seus defeitos, gostaria de
ter ouvido somente elogios.
É uma coisa que está em conexão com o eu do ser humano. Está
a ele tão vinculada, como a estaca ao solo. Todos querem ser importantes. É um
qualificativo comum a todas as gerações.
O ser humano gosta de ser admirado. Sente prazer em ser
observado. Não observado nos seus pontos falhos. Deseja ser visto somente no
lado bom de sua postura. É uma vaidade que se liga a todos os indivíduos.
Aqui, nada é inventado, nem é produto só do sentimento. É uma
simples leitura que fazemos das pessoas com quem interagimos na rua, nas
repartições, nas solenidades, nos debates, na sala de aula, nos eventos, nas
feiras livres...
É a verdade nua e crua de uma realidade que não muda nunca.
Se fui realista em excesso ou verdadeiro demais, que, por favor, os leitores me
desculpem.
Josivam
Alves / Catolé do Rocha(PB), 26 de junho de 2014.
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