POR QUE NÃO PASSAMOS DA CEPA -TORTA?
Por
Humberto Pinho da Silva
Há duas importantes razões,
porque não conseguimos abandonar a “cauda” da Europa:
A primeira: - Deve-se ao facto
de nunca se ter estabelecido plano de desenvolvimento. Cada partido, que
conquista o poder, é rápido a alterar o que seu antecessor estabeleceu: seja no
campo da: saúde, ensino, justiça, e até na economia.
Seria assim tão difícil, traçar
linhas mestras de governação, aceites pelos partidos, com assento na Assembleia
da Republica?
A segunda: - Talvez tão
importante como a primeira –: é diferenciar, de uma vez para sempre, os cargos
técnicos, dos políticos; para que, mudando o governo, não mudem as pessoas.
Como se a competência dependesse da cor partidária! …
Conheci um homem, que trabalhou
numa empresa pública. Era: pontual, dedicado, obediente e zeloso.
Ao verificar, que não havia, na
empresa, área comercial, que contactasse os clientes, sugeriu o serviço; e com
apoio superior, iniciou a tarefa.
Ia a pé ou de autocarro, a casa
de grandes e pequenos clientes; muitas vezes fora da hora de trabalho. Chegou a
ser louvado, por essa iniciativa, na imprensa da sua cidade.
Um dia, a Administração,
resolveu criar, oficialmente, o serviço. Pensou que seria incorporado ou pelo
menos contactado. Nada disso, aconteceu! …Era apartidário…
Para executar melhor as
funções, chegou a estagiar no estrangeiro, com o apoio do C.A.
Mais tarde, verificando que
havia fugas de receitas, enviou exposição aos superiores.
Após várias alertas
infrutíferas, foi chamado pelo chefe imediato, que acumulou, às suas habituais
funções, a de fiscalizador.
Nada lucrou, a não ser mais
trabalho. Os colegas, diziam, de troça, ao vê-lo atarefado e zeloso: que ainda
iria receber uma medalha… de cortiça!...
Todavia, a empresa, embolsou,
com esse serviço, largos milhares de contos! … e nunca lhe disse: obrigado.
Entretanto foi envelhecendo…
Certa tarde de Inverno, surpreendeu-se: o C.A. louvara-lhe a dedicação,
premiando.
Era pelo Natal. Sentiu-se
feliz. Finalmente, a empresa, reconhecera o trabalho, de anos de dedicação, e
pensou para consigo: “sempre valeu os
trinta e tal anos de zelo! …”
Mas… decorrido três meses, o
mesmo C.A., que o louvara, afastava-o de todas as funções! …
Admirado, espantado, indagou as
razões; responderam-lhe: que não as havia.
Houve necessidade de fazer
reestruturação do serviço; e como o lugar, que ocupava, ia usufruir maior
salário, passou a ser cobiçado… pelas hostes partidárias! …
Em suma: terminou a carreira
profissional, com reforma inferior aos colegas.
Nada vale: competência,
dedicação, pontualidade, espírito de sacrifício e zelo. O que importa: é
agradar ao chefe imediato, e receber apoio do partido!...
O resto: são ilusões; são
cantigas para enganar ingénuos!...
Se ao designado falta-lhe
competência – mas é da nossa ideologia, – busca-se-lhe adjunto, para executar
as tarefas…É assim que se costuma fazer, na nossa terra.
E enquanto assim se pensar,
seremos eternamente, os coitadinhos da Europa; e a juventude, apartidária, não
terá outro remédio, senão ir em demanda de outras pátrias, de outros povos,
onde haja mais justiça; e em que cada um valha pelo valor e dedicação, e não,
pelas ideias políticas, que diz perfilha
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