PODE SER GENEROSO, O IDOSO?
Por
Humberto Pinho da Silva
Li, já lá vão uns bons pares de
anos, que certo industrial, lá para os lados de Coimbra, já idoso, e sem
herdeiros forçados, resolveu oferecer um automóvel, a cada operário, da sua
empresa.
A proeza foi muito louvada, e o
industrial, declarou à imprensa, que chegara a velho, rico e feliz, graças ao
trabalho e dedicação dos trabalhadores.
Era tempo de premiar, já que
possuía bens suficientes para o fazer.
Enganara-se o homem. O gesto de
generosidade, foi levado como caducidade, e os parentes trataram de o
interditar.
Amigo meu, contou-me, que certa
senhora, sua conhecida, tinha por hábito auxiliar várias instituições de
caridade.
Todos os anos, pelo Natal,
enviava cheques bancários, com determinada quantia. Dinheiro que furtava, durante
o ano, economizando. Era espécie de renúncia anual, do mesmo jeito, que muitos
católicos praticam na época da Quaresma
Ora, ao perfazer oitenta anos,
os filhos realizaram festinha, e convidaram amigas de infância, da mãe.
Durante o aniversário, esta,
entusiasmada, declarou: que ia agradecer a longevidade, ofertando determinada
quantia, para divulgar o Evangelho.
Não caiu bem, aos ouvidos dos
filhos, a prodigalidade materna, e como não conseguiram demove-la, nem
passar-lhes procuração, resolveram interdita-la, retirando-lhe a gestão dos
bens.
Chego a pensar, que na idade
avançada, mesmo quando o espírito está lúcido, corre-se o perigo de ficar sem o
direito de ser generoso! …
A generosidade, as doações,
são, quantas vezes, considerados gestos de esbanjamento, e má gestão.
Pena é, que o mesmo não se
passe na política: interditando todo aquele, que por incompetência ou desvario,
leve o país à ruína, obrigando os cidadãos, que não quiseram emigrar, a pagar o
desgoverno.
Dizia-me, com graça, amigo, já
falecido: os que emigram, ou de dupla nacionalidade, não deviam ter direito a
voto: porque escolhem os governantes, mas não sofrem as consequências da
escolha…
Nunca me tinha lembrado disso!
…
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