O QUE É POUPAR ?
Por
Humberto Pinho da Silva
Numa entrevista, que Manuela
Ferreira Leite – a primeira mulher portuguesa a chefiar um partido político, –
e antiga ministra, concedeu a canal de TV, ao responder, à pergunta: “ Se
era muito difícil governar”, a economista, declarou: “ Toda a boa
dona de casa sabe como se governa um país…”
Para nosso mal, nem todos os
políticos sabem governar bem sua casa…
Se inqueríssemos um grupo de
pessoas de diferente formação académica, todos responderiam: que sim. Que sabem
administrar bem o seu dinheiro; mas saberão?
Conheci sujeito, que vivia em
Gaia. Homem extremamente poupado. Passou a vida a economizar: alimentava-se
apenas a sopa. Muitas vezes ficava em jejum, para amealhar o necessário para
construir a casinha dos seus sonhos…
Tenho, também, amigo, que desde
a adolescência, trabalhou dia e noite, na esperança de aferrolhar pecúlio, que
lhe permitisse velhice folgada.
Raras vezes viajou. Nunca foi
ao cinema ou teatro. Viveu para trabalhar. Chegou a velho sem ter
verdadeiramente vivido.
O pecúlio acumulado, foi, em
parte, delapidado pela inflação, por financeiros astuciosos e impostos.
A meu ver, nada disso é poupar.
Tenho para mim, que poupar, é o
que fazia Calouste Gulbenkian:
Após o pessoal sair (segundo
disse seu advogado,) ia de secretária a secretária recolher toquinhos de lápis,
que estes desprezavam, para utilizá-los no porta- lápis.
Ou o que li, na juventude, numa
publicação francesa. História, que diziam ser verídica:
No alto de verde colina, vivia,
num velho castelo, senhor idoso, conhecido na aldeia – que ficava no vale, –
por grande avarento.
Os criados asseveravam, a quem
queria ouvi-los, – que guardava fósforos queimados, e escrevia em papéis de
facturas, que reunia numa mola de aço.
Um dia houve terrível incêndio,
que devorou parte da povoação.
Algumas meninas resolveram
fazer peditório, para amenizar os enormes prejuízos.
Alguém lembrou, que o senhor do
castelo, homem muito rico, podia ajudar. Mas logo disseram: que não valia a
pena subir a colina, porque o dono da casa era sovina e mesquinho.
Mesmo assim foram. Recebeu-as
cortesmente. Depois de as ouvir, dirigiu-se a velho contador. Abriu uma gaveta,
e retirou uma nota de mil francos.
Perante o espanto de todas,
esclareceu: Foi devido às minhas poupanças e “sovinices”, que agora posso
oferecer-vos esta quantia.
Ser económico, não é privar-se
do que é necessário, mas sim: tudo aproveitar, e não gastar mais do que se
recebe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário