A
PONTE SOBRE O TEJO E A DANÇA DAS PLACAS
Por
Humberto Pinho da Silva
A inveja está interligada à
política, como aliás a todas as áreas de cultura. Para denegrir o rival, ou
possível rival, recorre-se, muitas vezes, à calúnia e à mentira.
Mentira espalhada por outros
invejosos, que desejam alcançar benesses, que a maioria das vezes não merecem.
Quando há mudança de regime,
logo surgem, impelidos pela inveja, ou ânsia de aproveitarem a oportunidade
para ascenderem socialmente, indivíduos que tentam colar-se aos vencedores,
mesmo que tenham de renegar adiais, que acreditam, ou amesquinhar os que foram
companheiros de “luta”.
Isso passa-se na política, mas
acontece, infelizmente, na Igreja. Sim: até na Igreja; e quando falo na Igreja,
não me refiro apenas à Católica, mas a todas as denominações.
Salazar – como bom estadista, e
homem de grande saber, – conhecia, perfeitamente, a natureza humana.
Quando lhe disseram que a Ponte
Sobre o Tejo iria ser batizada, em sua homenagem, logo retorquiu:
“ O meu nome ainda há-de
ser retirado da ponte”
e acrescentou (cito Pedro
Mexia) “ Comentando também que as letras da placa deviam ser aparafusadas e
não fundidas no bloco de bronze: “ Vão dar depois muito mais trabalho
a arrancar.” Com efeito, em 1974, dias depois da Revolução, um comité
revolucionário pintava inscrição a negro, martelou as lápides, segundo o mote”
a arte fascista faz mal à vista”. Uns meses mais tarde, a ponte foi rebatizada
“ 25 de Abril” – Pedro Mexia – “É uma Paisagem “ – “E” – A Revista do
Expresso – 10/Set./2016.
No tempo da 1ª Republica, energúmenos,
quebraram, à pedrada ou a camartelo, a coroa real, colocada em muitas obras
realizadas no tempo da monarquia. Salvou-se, entre outras, a que ainda
permanece no pilar de pedra da Ponte D. Luís I, no Porto. Salvou-se, por “
descuido” ou por milagre…
Também os nomes de ruas mudam,
para apagar feitos do antigo regime, os “patriotas”, logo mudam as placas.
No Porto, é notável a Rua de
Santo António, atual 31 de Janeiro; e no Brasil, apesar de muitos republicanos
admirarem o Imperador, até terem colaborado com ele, não escapou à mudança de
nomes: a Praça Dom Pedro II passou a ser de Marechal Deodoro; a Rua da
Princesa, de Rui Barbosa, isto no Rio
Em Petrópolis, a Rua do
Imperador, virou Avenida da República; mais tarde, tornou a ser do Imperador…
para agradar aos turistas…
Lá, como cá, a inveja ou
parvoíce, reina, mesmo em tempos democráticos…
A Ponte Salazar, que demorou
apenas 45 meses a ser construída. Inaugurada a 6 de Agosto de 1966, na presença
do Presidente da República, o Almirante Américo Tomás, e o Presidente do
Conselho de Ministros, António Oliveira Salazar, foi, apesar das infrutíferas
tentativas de muitos, rebatizada pelo povo, de: “ Ponte Sobre o Tejo”.
Já que não é de Salazar, seja,
então, do Tejo…
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