INVASÃO DE TURISTAS
Por
Humberto Pinho da Silva
Diz a revista: “ El Mag”
de Set/Out/2016, num interessante artigo sobre a influência do turismo, na
cidade do Porto e Lisboa, que: “ há
quem nas ruas da Mouraria, Bairro Alto e Bica, diga, ironicamente, que qualquer
dia será necessário contratar figurantes para fazerem o papel de lisboetas.”
Diria o mesmo, referindo-me à
baixa portuense.
A quantidade de estrangeiros é
tal, que dificilmente se consegue escutar a língua portuguesa.
A cidade, que durante décadas
esteve adormecida e decadente: edifícios em ruína; estabelecimentos comerciais
a fecharem dia após dia; ruas quase desertas, depois das vinte horas; mostra-se
agora enfeitada, repleta de luxuosos hotéis, bares e restaurantes concorridos,
com vida nocturna, que o portuense nunca conheceu.
A “invasão” de turistas, que
enchem o “ Metro” de malas, e animam esplanadas, está a transformar o velho
burgo portuense, dando-lhe o aspecto de cidade airosa, colorida, palpitante de
vida.
No parecer de alguns
portuenses, as ondas de turismo, são benéficas e irá enriquecer os que se
dedicam a restauração; mas para os portugueses, é motivo de preocupação, já que
os preços podem e estão a aumentar.
Quem frequente os mercados
tradicionais ou supermercados, verificará, facilmente, que: fruta e outros
produtos agrícolas, têm subido de preço.
O poder de compra da maioria
dos que nos visitam, é, em regra, muito superior à dos portugueses, que vivem
de escassas pensões e salários inferiores ao ordenado mínimo de muitos países
europeus.
Pensões, que não aumentam, e
até baixaram, nos últimos anos, obrigando a classe média a prodígios de
prestidigitador, se não quer – como vai acontecendo a muitos, – ingressar a
estatística da pobreza.
Creio, todavia, que, o turismo,
se assim continuar, será altamente benéfico para Portugal e para os
portugueses.
Embora, nem todos sejam dessa
opinião:
Encontrei, no último domingo,
meu amigo Silvério, a sair da igreja dos Congregados. Com gesto largo de
desânimo, declarou-me:
- “Olha para este trânsito
diabólico!... Para esta música infernal, que vem da Praça!...; e para este mar
de cabeças! …Parece formigueiro assustado! …O nosso Porto, já não é nosso… é deles!
…
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